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15/07/2025A 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) iniciou-se sob uma atmosfera de otimismo e compromisso renovado com o futuro do país. O evento, tradicionalmente reconhecido como um dos maiores encontros científicos do Brasil e da América Latina, reúne pesquisadores, estudantes, gestores públicos e representantes da sociedade civil em torno de discussões essenciais para o desenvolvimento nacional. Na cerimônia de abertura, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, proferiu um discurso marcante em defesa da soberania tecnológica e da ciência como direito de todos os brasileiros.
A ministra Luciana Santos iniciou sua fala lembrando a relevância da SBPC e o contexto desafiador em que o evento ocorre. Segundo ela, o Brasil enfrenta tanto ameaças quanto oportunidades: de um lado, a necessidade de reconstruir o sistema nacional de ciência e tecnologia após anos de contingenciamentos e cortes orçamentários; de outro, a chance de inserir o país em uma nova dinâmica global, pautada pela inovação, pela transição energética e pelo fortalecimento da democracia.
Em sua visão, a soberania tecnológica não é apenas uma meta, mas um requisito para a autonomia do Brasil. “Soberania tecnológica significa garantir que o país tenha capacidade de gerar conhecimento, produzir tecnologia e inovar de acordo com seus próprios interesses, sem depender exclusivamente de soluções estrangeiras”, afirmou a ministra. Ela ressaltou que, em um mundo cada vez mais digital e interconectado, não investir em ciência equivale a renunciar ao futuro.
Um dos pontos centrais do discurso de Luciana Santos foi a defesa da ciência como direito de todos, e não privilégio de poucos. Inspirada pelo artigo 218 da Constituição Federal, que reconhece a ciência, tecnologia e inovação como fundamentos do desenvolvimento nacional, a ministra enfatizou que o acesso à educação científica e à pesquisa deve ser universalizado. “A ciência é um patrimônio da humanidade e deve estar a serviço do bem comum. É dever do Estado garantir que todos tenham acesso ao conhecimento, à cultura científica e aos benefícios das novas tecnologias”, declarou.
A ministra traçou um panorama sobre os desafios que o país enfrenta para alcançar soberania tecnológica. Entre eles, mencionou a dependência de insumos estratégicos importados, a fragilidade das cadeias produtivas nacionais em setores essenciais (como fármacos, semicondutores e equipamentos médicos) e a necessidade de reverter a “fuga de cérebros” – a saída de pesquisadores brasileiros para o exterior em busca de melhores condições de trabalho.
Luciana Santos pontuou que a soberania só será possível com investimentos contínuos em pesquisa básica e aplicada, formação de recursos humanos qualificados e fortalecimento das instituições científicas nacionais. “Não há país desenvolvido no mundo que tenha desistido de investir pesadamente em ciência e tecnologia. Se queremos um Brasil soberano, precisamos colocar a ciência no centro do projeto nacional”, defendeu.
Outro destaque da cerimônia foi o papel da inovação para o desenvolvimento sustentável. A ministra relembrou que desafios contemporâneos como a crise climática, a transição energética e a segurança alimentar só serão solucionadas com tecnologia de ponta e colaboração multidisciplinar. Ela mencionou o potencial do Brasil em áreas como energias renováveis, biotecnologia, agricultura de precisão e tecnologias digitais, defendendo uma estratégia nacional que valorize a ciência como motor do crescimento.
Além disso, destacou a necessidade de aproximar universidades, empresas e governos para criar um ambiente favorável à inovação. “A construção de um ecossistema inovador depende do diálogo e da cooperação entre diferentes setores. O Estado deve ser indutor, mas é fundamental envolver toda a sociedade nesse esforço”, afirmou.

No encerramento de sua fala, Luciana Santos reafirmou o compromisso do MCTI com o financiamento público robusto e estável para o setor. Ela mencionou a necessidade de ampliar recursos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), apoiar bolsas de pesquisa e garantir infraestrutura adequada para laboratórios e centros de inovação.
Segundo a ministra, a retomada dos investimentos públicos será essencial não apenas para reverter os retrocessos recentes, mas também para posicionar o Brasil como protagonista global em ciência e tecnologia. Ela defendeu a criação de mecanismos de avaliação transparente e de incentivos à pesquisa de impacto social, visando resultados concretos para a sociedade.
A 77ª Reunião Anual da SBPC, acontece de 13 a 19 de julho, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O evento segue com uma ampla programação de palestras, debates, oficinas e atividades culturais, envolvendo milhares de participantes de todas as regiões do país.
Fotos: MCTI






